Santa Luzia de Retorta
Retorta: A Freguesia de Retorta pertence do Concelho de Vila do Conde e faz fronteira com Vila do Conde, Azurara, Árvore, Macieira da Maia, Tougues e Touguinha. Apresenta uma área de 3.7 quilómetros quadrados e dista 2 quilómetros da sede de Concelhia. A Villa Retorta, é mencionada em diversos documentos, sendo o mais antigo datado de 22 de fevereiro de 1008 e pertencente ao cartório de Moreira. Este documento refere-se à venda de casas rústicas, no entanto, a existência de um Castro onde foram encontrados vidros que agora permanecem no Museu Martins Sarmento, atestam uma mais remota existência desta localidade que, desde a divisão administrativa em 1836, passou a pertencer ao Concelho de Vila do Conde.
O topónimo RETORTA, deriva do étimo Latino “torcida” e pode referir-se à configuração topográfica do rio Ave, que banha todo o norte desta freguesia. Tendo em conta que se trata de uma freguesia milenar, Retorta pode também referir-se ao vaso bojudo de bico ou gargalo estreito voltado para baixo, que foi antigo engenho de destilação.
A freguesia dispõe de uma rara beleza paisagística. Crê-se que o poema "O Melro" tenha sido escrito por Guerra Junqueiro num banco em frente à Igreja desta Freguesia.
Também Dário Marujo escreveu o poema “Santa Luzia de Retorta”, que ofereceu ao nosso conterrâneo Silva Rodrigues, em 2008. O senhor Rodrigues fez um trabalho de detalhada pesquisa sobre Retorta e as suas gentes, que foi importantíssimo na construção deste site e que a Junta de Freguesia tem como objetivo editar.
O património da Freguesia de Retorta contempla a Igreja Nova e a Igreja Antiga da Paróquia de Santa Marinha de Retorta, a Capela de Santa Luzia, dois cruzeiros, um Nicho das almas, a Homenagem ao Padre Hermínio Soares, a escola EB Casal do Monte e a Casa da Junta de Freguesia. Existem ainda as azenhas, que sendo prazos pagos à igreja e ao barão de Retorta, acabam por, em finais do século XIX, pertencerem já à Companhia Industrial Agrícola Portuense.
Retorta está situada num ponto estratégico em relação à sede de concelho, pelo que a travessia do rio ave nesta zona sempre desempenhou um papel importante na vida da população. Assim, diversas pontes já foram construídas sobre o Rio Ave. A primeira de que há conhecimento, foi mandada construir pela Companhia Portuense (fábrica de tecidos) entre a década de 1880 a 1890 apenas para se passar a pedra que serviria a construção da fábrica e ao fim de sete anos foi destruída. Posteriormente, em 1935, a Companhia Rio Ave, que sucedeu à Portuense, voltou a suportar os custos de uma ponte, uma vez que a maioria dos seus operários residiam na margem sul do Rio Ave, em Retorta, Tougues, Árvore e Macieira. Em 1962 as cheias derrubaram esta ponte de madeira e os operários começaram então a fazer a travessia em barco a remos, o que se tornava difícil e perigoso no Inverno.
Após muita luta, uma comissão de operários conseguiu junto da Câmara Municipal a construção de uma nova ponte, inaugurada em 1980. Embora o objetivo fosse permitir a passagem de viaturas e peões, logo se percebeu que não apresentava segurança para a circulação de veículos, pelo que foram colocados dois mecos em cimento que impossibilitavam a passagem de viaturas, circulando apenas motociclos e peões. Contudo esta não era a solução definitiva de um eixo estruturante e importante no desenvolvimento concelhio para possibilitar a mobilidade entre as freguesias situadas na margem sul do rio Ave e a cidade.
Assim, no seguimento de uma política de desenvolvimento concelhio a Câmara Municipal e Junta de Freguesia de então, decidiram avançar para a construção de uma nova ponte rodoviária com todas as condições para garantir definitivamente com a ligação à cidade, sendo inaugurada em 10 de Junho de 2013, pelo Exmo. Senhor Presidente de Camara Eng.º Mário Almeida e o Sr. Presidente da Junta de Freguesia António Castro. Foi um dia memorável e de grande festa para a nossa freguesia, sendo que a ponte se tem destacado como o motor de grande desenvolvimento e crescimento que a freguesia de Retorta se tem vindo a tornar.
Assinalámos este ano os 10 anos de inauguração da mesma. Ver mais
Orago: S. Vicente
A mais antiga referência escrita conhecida da freguesia de Tougues data de 1069 e trata-se de uma escritura do convento de Moreira, referindo que a Villa Retorta fica situada entre a Villa de Tougues e a de Pindelo. Dista 6km do concelho de Vila do Conde a que pertence desde a divisão administrativa de 1836.
Esta freguesia, que integrou o concelho da Maia, foi abadia da mitra, com oposição do bailio de Leça. Ainda segundo o Dicionário Corográfico, houve aqui um mosteiro de crúzios, que passou a abadia secular em 1475.
São aqui assinaladas, por Vítor Oliveira Jorge, as Mamoas de Mourão e Contra Mourão (cerca de 5000 a 3000 a.C.), que se encontram muito destruídas.
A nível arquitetónico, encontram-se várias casas de quinta.
Reza uma antiga lenda que a Capela do Sr. do Padrão foi mandada erigir em virtude de um milagre: os mouros avançavam para Norte e ao chegarem a este local viram-se impedidos de continuar, por nenhuma causa natural, mas antes divina.
Os jovens touguenses, bem como as suas famílias, desenvolveram também uma grande devoção a S. Sebastião na época da Guerra Colonial, uma vez que este é protetor da fome, da peste e da guerra.
O seu fervor era tanto, que na altura da festa (último domingo de janeiro) o andor de S. Sebastião era carregado pelos jovens que haviam regressado da guerra nesse ano, vestidos de camuflado e de pés descalços, como forma de agradecimento por chegarem sãos e salvos.
Hoje em dia esta tradição mantém-se e, em tempo de paz, os jovens carregam o andor após terem terminado o serviço militar.
Tougues tem também um dos melhores trilhos para a prática de XCO, inseridos numa bela paisagem que se estende até ao rio Ave.